sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

ESPELHO MEU


Espelho meu


Doí em mim, como sádica.

Mordi os lábios antes de pronunciar

Qualquer sentido do impossível!

Apertei tantas vezes as minhas mãos
A favor de uma vontade impaciente.

Acorrentei tantos passos,

Por medo de serem falsos.

Amordacei a palavra “amo-te”, a única que aprendi.

Procurei-me, como uma perdida,

Na neblina que anoitecia nos teus olhos.

Oh loucura pura! O teu olhar!

Espelho meu, espelho meu… onde nunca me vi!

Eu estive sempre aqui, nesta sôfrega quietude.

E a gritar por nós, como louca, ensurdeci!


Ana Homem de Albergaria

1 comentário:

Filipe Campos Melo disse...

Como pronunciar a impossibilidade?
Como escrever a dor?

Na ausência todo o reflexo se escurece

Bjo.