quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Mulher


















O relógio antigo de madeira envelhecida,
Pelo tempo que o ilude de vida,
Lamenta-me o entardecer dos dias.
... É sempre tarde!
Quando o sol me desperta para quem sou…
Corro para o espelho, em busca de um rosto jovem
Que descanse um pouco na suavidade hidratante
Das minhas mãos cheias de água corrente…
Como se fosse possível fazer parar um rio nas rugas da idade,
Ou lavar a historia da própria Humanidade.
Das tranças da minha infância
Recordo apenas os sonhos, que subiam por elas
E me ensinaram a esperar mais da vida
E a dar Sempre mais e mais… de mim,
Aos outros (supostamente iguais).
E penso: Os Outros!
Então… enxugo os pensamentos na manta de retalhos
Que “eles” fizeram com as horas dos meus dias.
Volto a correr de braços estendidos em direcção á mãe
Que nasceu na era em que o meu ventre quis ser futuro.
E faço dos meus braços asas e voo sobre os muros,
E faço dos meus olhos esperança e conto estrelas brilhantes
Nos céus mais escuros.
De repente… chamam por mim
Gritam sempre pelo meu nome em outro lugar…
Onde a idade pesa,
Onde a saúde falta,
Onde é preciso levar alguém pela mão
Onde o saber urge na escola da vida,
Que não ensina que existe trabalho
Que não é profissão!
E todo o conhecimento e experiencia
Desta operária de emoções,
Se misturam em conflito
Por entre livros e universidades
Num século de oportunidades
Que me escorregam pelas mãos!
E tenho de estar onde não estou,
Saber o que não sei,
Ser o que não sou!
É sempre tarde, para ser Mulher!
Mas quando o sol se despede anunciando a partida,
Esperam ainda que o espelho reflicta a minha beleza!
E de cabeça sempre erguida mas com os olhos lassos de tristeza,
Olho de novo o relógio antigo de madeira envelhecida,
E sinto que não sou eu que dou corda á minha vida!


ana homem de albergaria