segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Quem me quiser há-de saber as conchas
a cantiga dos búzios e do mar.
Quem me quiser há-de saber as ondas
e a verde tentação de naufragar.
Quem me quiser há-de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
a saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que há no inverno.
Quem me quiser há-de saber a chuva
que põe colares de pérolas nos ombros
há-de saber os beijos e as uvas
há-de saber as asas e os pombos.
Quem me quiser há-de saber os medos
que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
o salmo penitente dos meus gritos.
Quem me quiser há-de saber a espuma
em que sou turbilhão, subitamente
- Ou então não saber coisa nenhuma
e embalar-me ao peito, simplesmente.
Rosa Lobato de Faria
domingo, 13 de setembro de 2009
Identidade
Matei a lua e o luar difuso.
Quero os versos de ferro e de cimento.
E em vez de rimas, uso
As consonâncias que ha no sofrimento.
Universal e aberto, o meu instinto acode
A todo o coração que se debate aflito.
E luta como sabe e como pode:
Da beleza e sentido a cada grito.
Mas como as inscrições nas penedias
Tem maior duração,
Gasto as horas e os dias
A endurecer a forma da emoção.
Miguel Torga
Matei a lua e o luar difuso.
Quero os versos de ferro e de cimento.
E em vez de rimas, uso
As consonâncias que ha no sofrimento.
Universal e aberto, o meu instinto acode
A todo o coração que se debate aflito.
E luta como sabe e como pode:
Da beleza e sentido a cada grito.
Mas como as inscrições nas penedias
Tem maior duração,
Gasto as horas e os dias
A endurecer a forma da emoção.
Miguel Torga
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Carlos Drummond de Andrade
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Este poema cantado pela Elis... é qualquer coisa de Divinal...
e faz-me lembrar uma amiguita do peito que também gosta muito desta canção e que a cantou muitas vezes, comigo, nas nossas viagens, depois do entardecer, pelas pontes do Douro...
O que tinha de ser
Porque foste na vida
A última esperança
Encontrar-te me fez criança
Porque já eras meu
Sem eu saber sequer
Porque és o meu homem
E eu tua mulher
Porque tu me chegaste
Sem me dizer que vinhas
E tuas mãos foram minhas com calma
Porque foste em minh'alma
Como um amanhecer
Porque foste o que tinha de ser
Tom Jobim / Vinicius de Moraes
e faz-me lembrar uma amiguita do peito que também gosta muito desta canção e que a cantou muitas vezes, comigo, nas nossas viagens, depois do entardecer, pelas pontes do Douro...
O que tinha de ser
Porque foste na vida
A última esperança
Encontrar-te me fez criança
Porque já eras meu
Sem eu saber sequer
Porque és o meu homem
E eu tua mulher
Porque tu me chegaste
Sem me dizer que vinhas
E tuas mãos foram minhas com calma
Porque foste em minh'alma
Como um amanhecer
Porque foste o que tinha de ser
Tom Jobim / Vinicius de Moraes
domingo, 6 de setembro de 2009
Oscar Wilde
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Quem me ensina a Sonhar?
(imagem retirada de: anjotorto.files.wordpress.com/2008/08/sonhos1.jpg)
Quem me ensina a sonhar?
Que a espera da esperança
me está a acabar.
Na sucessão de horas esquecidas
Onde me perco e não me estou a encontrar,
Quem me vai resgatar o olhar limpo
Da criança sem passado?
Quem vai trazer de volta
O calor de verões quentes
das praias nuas… dos desertos ausentes,
Os mares velejados
Com poemas ao vento
e com a força dos corações enamorados.
Quem vai doar seus braços
Para me salvar,
Quando a noite fria desaguar em mim?
E quando o futuro já não me acordar,
Quem se vai lembrar de como sou,
Somente assim?
Quem me vai perdoar?
Quando eu pedir perdão
Depois de errar…
E quem me vai levantar
Quando eu cair no chão?
E quando a minha alma já não se gostar?
E quando o dia de Hoje não mais me entusiasmar?
Quem me vai ensinar a sonhar,
outra vez?
Quem vai acreditar que ainda é possível
me (re)encontrar?
ana claudia albergaria
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