domingo, 29 de novembro de 2009

O livro por escrever...























Poderiam ser o inicio de um livro estas palavras…
de um livro sem principio nem fim…
aquele espaço em que para me encontrar
teria de me ausentar por uma eternidade…
Afastar-me dos sons da revolta de uma infância perdida,
dos cheiros das estações mais tristes, povoadas de cores cinzentas,
tardes paradas…
das sensações de perda e das emoções solitárias
que fazem questão de permanecer num coração adormecido.
Dos odores das uvas pisadas em Outono de dor.
Poderiam ser o inicio de um livro estas palavras…
Se o amanhecer do futuro chegasse ameno, suave …
como os raios de sol em manhã de primavera…
se a cortina do meu quarto não me protegesse mais dessa luz
que me despertando de um sono profundo
me libertaria da inércia
e de um tempo
que não me pertence mais.

Poderiam ser o início de um livro…
fosse eu capaz de as libertar!

03.julho.07
ana claudia albergaria

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O TEU POEMA


















O teu poema…

Chegaste na alvorada
Que o futuro não esperava,
Trazias no peito
O poema da vida,
Bússola de prata
Para a estrada perdida.
Na mão um cajado,
Feito do passado
Narrado por
Um relógio qualquer.
E o tempo abrandou…
E falamos
Do que fomos,
E do que somos “sós”.
Recebi de ti
O som do violino
Que trazias na voz,
Em cada despertar,
Em cada adormecer,
Estavas lá!
Como um juramento
Que se faz em silêncio…
Cantamos a promessa de um abraço
Que Ficou suspenso
Nas palavras dos Poetas
Que vieram contigo,
Para aliviar meu cansaço.
E não chegou o abraço,
Porque a noite caiu
Antes de o sol nascer
As flores secaram
Antes de florescer.
Os relógios pararam.
E os livros abertos
Desfolhados por nós…
Vão sempre falar
Do quanto estamos sós,
E do quanto renasci
No instante efémero
Em que te (re) conheci,
Meu Amigo Eterno.
E tudo o resto…
Que não se disse
Que não se leu
Que não se partilhou
Tudo o que faz de mim
O que hoje eu sou,
Fica dentro de nós,
Em lugares mágicos
Por onde tu andas
E para onde eu vou!


ana claudia albergaria

terça-feira, 17 de novembro de 2009






Tu já tinhas um nome, e eu não sei
se eras fonte ou brisa ou mar ou flor.
Nos meus versos chamar-te-ei amor...


Eug. Andrade..

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

BUCARESTE












domingo, 8 de novembro de 2009

O caminho ainda é longo…
























Quando deixo o meu filho na escola, em cada manhã, sempre lhe digo : Amo-te muito … porta-te bem! Mas fico sempre na duvida sobre o que ele entende por “porta-te bem”… e muitas vezes entro no meu carro a pensar nisto… porque todos queremos que os nossos “meninos” sejam, no mínimo, “bem educados” (outro conceito que também não sei se ele compreende bem o significado… pelo menos o significado que eu lhe atribuo e que gostaria de lhe conseguir transmitir, não só com as minhas palavras mas sobretudo com os meus actos).
De facto o que espero do meu filho em cada dia é muito mais do que uma questão de comportamento sossegado ou de uma avaliação da aprendizagem excelente. O que me preocupa diariamente é se estou a conseguir transmitir-lhe os valores necessários para viver em sociedade, respeitando as diferenças e valorizando as pessoas mais do que as “coisas”. Queria tanto prepará-lo para o “Ser” em vez de o preparar apenas para o “Saber” ou para o “Ter”… Por vezes sinto que estou a remar contra a maré … sinal dos tempos!
E no meio destas minhas ansiedades, penso na escola como agente socializador, tal como a família, e como um espaço e um tempo privilegiado de reforço dos direitos (e deveres) humanos fundamentais, e sigo para o meu emprego com alguma tranquilidade porque confio na comunidade escolar ( desde os professores aos colaboradores em geral… porque todos, sem excepção, são importantes para o desenvolvimento e educação das nossas crianças, todos têm aí um papel extraordinariamente importante e fundamental).
Mas ficam sempre grandes questões no ar… quando penso como viverão (n)a escola os(as) meninos(as) de minorias étnicas, de diferentes religiões, com doenças incapacitantes, com famílias que se afastam dos modelos tradicionais ,com origens em países (territorial e culturalmente) distantes e/ou com situações sócio económicas marcadas por pobreza e exclusão social. A nossa escola está preparada? Os manuais de estudo vão ao encontro desta diversidade? A comunidade escolar está sensibilizada (e formada) para esta heterogeneidade? O caminho ainda é longo…
O que espero do meu filho, é o mesmo que espero da escola, da família e de toda a sociedade: que estejamos preparados para participar na construção de um mundo melhor para todos, no qual a abertura á diferença seja uma bandeira e os valores da solidariedade, igualdade, responsabilidade e liberdade sejam um Hino de Amor á própria Humanidade!
Meu filho: Amo-te muito! Porta-te bem! (Pela Humanidade!).


Ana Cláudia Albergaria

Despedida






Quero despedir-me de ti
Como me despedi
Da minha infância,
Aos poucos…
Sem sentir…
Sem pensar…
Quero recordar-te
Com a ternura
De quem cresce
Serenamente…
Mesmo sabendo
Que a alvorada
Da minha vida
Não irá mais
Regressar…
Estarás comigo
Em cada pôr-do-sol,
E em cada poema
Que tenha o poder
De me deslumbrar.

ana claudia albergaria