sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Falar ao mar




















Estou aqui… mar imenso
Falarei a linguagem das sereias
Escuta…
Acalma-te um pouco,
Serena-me as memórias
Que navegam na historia
Da infância do meu país…
Sim… mergulhou em ti a alma lusitana
E tantos povos em ti naufragaram…
Mas Hoje queria apenas este reencontro…
Escuta…
Onde estão os sonhos profundos
Que construíram as caravelas quinhentistas?
E que ondas as levaram a outros mundos?
Sabes me dizer, oh mar altivo,
Indestrutível ser!
Desfaleceu a coragem do meu povo,
O Adamastor está ainda mais monstruoso,
Nunca o adormeceste, porque?
Oh mar revoltoso!
Preciso saber …
Vá… Só hoje,
Fala-me da tua coragem
Da tua força,
Da tua irreverência…
Dos tesouros da tua profundidade…
Ensina-nos a tua transparência
Para que se contemplem pérolas
No coração dos Homens
De boa vontade…
Nesta ilha em que se tornou
A Humanidade.
Aqui em terra,
Os meus pés já não sabem
Por onde ir…
Precisamos de começar tudo outra vez
Já não existem rotas por descobrir
Afundaram-se as utopias
Gaivotas perdidas em marés tardias.
Oh, Mar inspirador de poetas
Universo de vidas submersas
Desenha, já é tempo, novos mapas
Sê tu a Bússolas que nos guia
Para fora desta ilha de escarpas.
Veste-te hoje, majestoso infinito,
De verde esperança
Sê para este povo
Um mar de bonança…
Mas se for preciso
Oh mar de além-mundo
Se for preciso voltar a ser Fado e Dor,
Saudade ou luto profundo,
Seja!
Que nos arda a alma com o teu Sal,
Se preciso for,
Para
Redescobrir Portugal!



ana homem albergaria

sábado, 10 de setembro de 2011

Saber Amar












Não importa o que fomos
Por um momento
Importa o que recordamos
Por toda a vida
Importa viver intensamente
... Cada chegada após a despedida!
Importa agradecer, não só pedir!
Importa ver profundo, não só olhar.
Importa lutar, não desistir
Importa dar de nós, não só esperar.
Importa escutar, não só ouvir.
Importa perdoar, não desculpar.
Não importa o que fomos
Por um momento
Importa só saber AMAR!


ana homem albergaria

quinta-feira, 8 de setembro de 2011















Ai …
se eu hoje Ousasse
escrever um poema!
As palavras iriam fugir
Da minha voz
Como gritos ensurdecedores
Como espadas
Rasgando credos milenares
Como Fés caídas
Em igrejas destruídas
Voos presos
Em poluídos ares
Mãos ásperas
A tocar em feridas.
As palavras
Do meu poema
Não poderiam falar
Da Humanidade
Nem de justiça
Nem de esperança
Nem de igualdade!
O meu poema
Seria uma Mentira!
Como as bocas
Que apregoam a harmonia
E se abrem só para ferir
Cantando fora de tom
A irónica cobardia.
Se eu hoje ousasse escrever um poema…
Seria tão ridículo… tão ridículo
Como a hipocrisia!



Ana Homem Albergaria