sábado, 12 de janeiro de 2008

Quando vou?


Quando vou?
Que de mim já parti
há tanto tempo?
Que procuro
nesta busca lenta
quase petrificada,
pela inércia de não
ser capaz de
mover a vontade?
Quero eu
ser capaz…
ser só eu…
eu…
a verdade…
uma tela branca
que pintarei
com as cores
de uma vida
renascida,
reinventada,
redesenhada
a cada despedida
de mim…
para mim…
por mim…irei!
Não mais ficarei
Parada …
Sentada
num banco
desgastado
pelo tempo,
coberto
pelas folhas secas
que caem
no meu jardim…
de mim!

ana claudia albergaria

O meu tempo



O meu tempo não é o seu tempo.
O meu tempo é só meu.

O seu tempo é seu e de qualquer pessoa,
até eu.

O seu tempo é o tempo que voa.
O meu tempo só vai onde eu vou.

O seu tempo está fora, regendo.
O meu dentro, sem lua e sem sol.

O seu tempo comanda os eventos.
O seu tempo é o tempo, o meu sou.

O seu tempo é só um para todos,
o meu tempo é mais um entre muitos.

O seu tempo se mede em minutos,
o meu muda e se perde entre os outros.

O meu tempo faz parte de mim,
não do que eu sigo.

O meu tempo acabará comigo
no meu fim.


Arnaldo Antunes