quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Poema de fim de ano




Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

3 comentários:

José Rui Fernandes disse...

Aproveito este seu post para aqui lhe desejar um bom ano 2010, e que nele realize os desejos que mais anseia!

Com amizade,
José Rui

P.S. - Tinha o seu endereço num dos e-mails, mas devo tê-lo apagado sem guardar o endereço na lista. Se quiser fazer o favor de escrever de novo... gostaria de ir dando notícias das actividades que não publicito no blogue!

Helder Soares disse...

Beijinhos, e que este ano seja cheio de Paz, Alegria e Saúde.

muah***

Hellag disse...

obrigada pelo poema e foto, explosão de ideias e sentimentos, Bom ano, muito criativo!